segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Post de abertura

O projeto INFILTRAÇÕES (Estados de encontro e técnicas de infiltração – corpo em ação como suporte da arte) envolve pesquisas e experimentos práticos que buscam na performance e nos conceitos de site specific das artes visuais, um modo de operação e de ação para intervenções urbanas em contextos específicos, tendo como suporte o corpo e o movimento. A observação desse contexto e das relações intersubjetivas nele estabelecidas são material para a criação artística, a co-habitação do performer e do público num espaço-tempo real, as possibilidades de transformação de um e de outro, a efemeridade do evento quando o corpo em movimento é a mídia da arte, são algumas das principais questões a serem abordadas.

As intervenções são pontuais e devem acontecer em ruas, praças, terminais de ônibus ou outros locais públicos. Interessa-nos aqui a contingência de um corpo em ação dentro de um contexto gerando um evento que fissura, interrompe seu continuum, reconfigurando tanto o contexto quanto o corpo que age sobre ele, transformando performer e observador.

Tal projeto está sendo desenvolvido com recursos do edital Bolsa Produção em Artes Visuais, da Fundação Cultural de Curitiba. Atualmente, parte dele está sendo desenvolvida no Centro Coreográfico de Montpellier – FR, por Neto Machado (um dos idealizadores e pesquisadores do projeto).

Alguns de nossos pontos de partida

A investigação e as experiências artísticas propostas aqui problematizam a inserção da arte na vida cotidiana, as ações acontecem em meio a um público espontâneo que é incluído no evento, que faz parte de sua construção, que é diretamente atingido por ele. Isso aproxima a população em geral do fazer artístico contemporâneo, democratiza experiências criativas e oferece outras possibilidades de relação com o contexto e dentro do contexto. Por outro lado, levando em consideração a imediatidade das ações evocadas aqui, o corpo como suporte da arte, a efemeridade dos eventos provocados, entendemos que a pesquisa apresentada e as experimentações e intervenções urbanas a serem desenvolvidas não poderiam encontrar respaldo e subvenção junto à iniciativa privada, justamente por seu caráter efêmero e fugaz, nesse sentido acreditamos no enquadramento destas propostas em editais de bolsas de pesquisa como este, reconhecendo sua importância e necessidade.

Esse projeto é mais um espaço que se constrói para uma discussão que atualmente ocupa o lugar das artes visuais e da dança. Permitir que diferentes referenciais habitem um mesmo espaço possibilita diversificar o debate, aprofundar conceitos e ampliar o campo de atuação.

A partir de experiências realizadas em trabalhos artísticos anteriores, como a instalação Eu tenho autorização da policia para ficar pelado aqui, que Ricardo Marinelli realizou em ruas e praças de diferentes cidades ; Agora se mostra o que não está aqui, performance de Neto Machado em que o público « desenha » o contexto a partir de respostas a questões diretamente ligadas a um lugar e um habitus social; e do projeto Soit je craque soit c’est un spectacle, investigação e construção cênica realizada em um Centro de Controle Técnico de Veículos na cidade de Angers-FR, por Elisabete Finger, o Contexto como mote para a criação artística e como espaço-tempo para construção e realização da própria obra/evento tem nos interessado cada vez mais.

Reconhecendo nas pesquisas performáticas e sites specifics desenvolvidos no campo das artes visuais informações e modos de operação que caminham nesse sentido é que nos lançamos nessa proposta de investigação e experimentação prática, buscando formas de organizar intervenções/eventos tendo como suporte o corpo em movimento, em ação.

Alguns de nossos primeiros objetivos

A partir da observação de contextos específicos (espaços públicos como ruas, praças, terminais de ônibus) e da pesquisa e investigação de modos de operação historicamente construídos no campo das artes visuais (performance e site specific), pretendemos neste projeto desenvolver experimentações nesses contextos, propondo intervenções/eventos imediatos, pontuais, reconhecíveis e acessíveis a um publico espontâneo. O corpo em ação como mídia da arte, resignificando e agindo num espaço-tempo real, despertando a atenção para ele e oferecendo outras formas de observá-lo, mais criticas e criativas, criando formas de recepção e reverberação imediata e direta da obra de arte contemporânea.

Desta grande questão decorrem outras:
-Buscar na performance, e no campo das artes visuais possíveis configurações e modos de operação, implicando corpo e movimento em eventos instantâneos e imediatos;
-elaborar a partir desta investigação formas de atuação específicas para contextos específicos;
-experimentar essas formas de atuação através de intervenções urbanas;
-recolher traços em vídeo e imagens fotográficas destas experimentações, que sirvam de base para a elaboração de reflexões sobre esta pratica artística, como registro histórico e modo de compartilhar etapas e ações deste projeto;

Esperamos que este seja mais um espaço para ampliar nossas infiltrações.
Vamos conversar!

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