Infiltrações é uma proposta de jogar com a realidade, de propor possibilidades de percepção, de questionar nossas relações e de discutir arte contemporânea infiltrando-a em contextos onde ela não habita normalmente, e assim, relacioná-la concretamente e diretamente com as pessoas e as questões do nosso tempo e espaço.
A infiltração pode sim derrubar uma parede, pode levar a baixo um edifício, ou dar fim a uma estrutura de sustentação. Mas a que nos parece mais interessante agora, é aquela que vai aparecendo devagar, que faz marcas sutis e de duração longa, que talvez não derrube nada, mas ameaça, insinua e se espalha.
Uma revisão que contribui — queremos mesmo acreditar nisso — para uma humanidade mais ativa diante de si e de seus contextos. Pelo menos para alguém além de nós. Hakim Bey diz que “não importa se o terrorismo poético é dirigido a apenas uma ou várias pessoas, se é ‘assinado’ ou anônimo: se não mudar a vida de alguém (além da do artista), ele falhou.” Nós falamos o mesmo das nossas infiltrações.
Sentimos, finalmente, que não poderíamos negar a beleza que nos arrebatou nesta experiência de observação durante os meses de pesquisa. Observar o mundo, as pessoas, as coisas, as cores, o movimento, as relações e as composições que se tecem cotidianamente dentro dele é um exercício belo. Buscar intervenções que tornem visível o que já está, que destaquem uma coisa ou sublinhem outra, que nos façam perceber quão fantástica é a experiência do encontro, deste tempo e deste espaço. Nossas infiltrações caminham neste sentido, sutilmente e sensivelmente subversivo.
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